As pessoas podem estar se acostumando às próprias fragilidades.Isto é uma constatação,não uma palavra de concordância,e,mais do que constatar,é preciso fazer uma "mea-culpa"...Nossos relacionamentos frustrados,semi-mutilados,e,pode-se usar um outro termo até mais grotesco,pois é verdadeiro,também: nossos não relacionamentos,talvez estejam fazendo de nós seres anestesiados pela  própria dor,que pode ser contínua e intermitente...

Como assim? Bem,alguém pode se deixar levar por um pensamento equivocado,baseado em sua percepção distante,de que dá para ser amigo,mas,sempre de longe,sem que seja mais pessoal,mais íntimo,mais perto do outro...Isso não é ter uma parceria,mas pode ser camaradagem;ou,quem sabe,uma outra pessoa deve pensar que é possível ser um pedaço de alguém,sem o ser por completo...Ou seja,estamos evitando de nos machucarmos,ferindo-nos ainda mais...

Quando o outro quer ser próximo,é porque sentiu necessidade de si mesmo,de se ver no outro,de poder ser com alguém,um ser melhor.

Não dá para fazer bem,sem que alguém nos diga"está bem feito",pelo menos,não parecerá que está bem realizado.Não é possível envolvimento sem aproximação,mas podemos estar usando as defesas(das próprias fragilidades)para não sermos decepcionados,e assim,não nos entregamos nunca a um relacionamento mais profundo,com todas as características que um relacionamento real provoca em nós,em nossas emoções diárias,exatamente para não ter de enfrentar a realidade que pode ser muito cruel de ser descoberta e revelada: a de que todos somos muito mais imperfeitos quando estamos em mais de um só...

A distância provocada pelo medo de que um amigo(ou mesmo uma pessoa que se ama)possa desapontar nossas expectativas,poderá tornar-se tão constante,que afastará de vez qualquer possibilidade de uma aproximação real...E isso nos leva a pensar que perdemos,assim o mais precioso valor de uma amizade:a presença física do outro(da outra pessoa)em nossa vida diária.

Não poderemos fingir o tempo todo que estará tudo bem,se tivermos presença de amigos;mas também não poderemos ignorar que as coisas não melhoram,se apenas tivermos a companhia de um bom amigo;mais do que somente saber que temos um amigo(ou o amor de alguém,que seja)necessitamos,com mais importância e urgência,de suas palavras de incentivo,em um momento de crise,de seu sorriso,dizendo que "tudo vai dar certo"(mesmo que ele saiba que não vai dar),da mão estendida para o abraço caloroso de aconchego,do olhar que diz tudo o que é preciso,mesmo sem dizer nada...

Obviamente,os relacionamentos sofrem desgastes cotidianos,porque nós nos desgastamos,e sofremos com as consequências de nossas atitudes(e pela falta delas)mas isso não poderia ser um pretexto tão incongruente,tão arbítrário,para nos afastar de nós mesmos;quando fico longe de alguém,me distancio  gradativamente de mim,também...A armadilha mais sutil e perigosa de tudo isso é que,eu um relacionamento,tenho de enfrentar a verdade de que não sou o que o outro espera de mim,e talvez eu não queira me descobrir de todo,por que eu mesmo não reconheço que sou falho,cheio de defeitos limites,e peco,como qualquer pessoa,e que sempre precisarei da graça de Deus para me ensinar a ser cada vez mais um arrependido,e pecador.

Podemos ficar de longe,sendo admiradores passivos daqueles que tem bons relacionamentos e desfrutam deles. E podemos deixar de ser omissos,e passar a confrontar o que nos intimida,contando com o cuidado daqueles que são amigos de verdade,que nos ajudarão a superar os limites pessoais que temos,até que possamos,juntos admitir que precisamos mais do próximo em nós do que nós,em nós mesmos...

I Coríntios 13:1 ao 13