Agora sei porque não vieste,depois de tanto e tanto te esperar. Cheguei a supor que não existisses. Imaginei,às vezes,que foras ter a outra porta,e alguém se beneficiava de ti. Era o equívoco mais consolador,afinal não se perderia a mensagem. Eu indagava os rostos,pesquisava neles a furtiva iluminação,o traço de beatitude,que indicasse conhecimento do teu segredo. Não distinguia bem,as pessoas se afastavam ou escondiam tão finamente tua posse que a dúvida ficava enrodilhada à minha esquerda. O desengano,à direita. E não havia combate entre eles. Coexistiam,mais a cabeçuda esperança.
Todas as manhãs te aguardava. Ao meio-dia já era certo que não vinhas. O resto do dia era neutro. Restava amanhã. E outro amanhã. E depois. Repousava,aos domingos,desta expectação sem limites. Via-te aparecer em sonho,e fechava os olhos como quem soubesse que não te merecia,ou quisesse retardar o instante de comunicação. Esperar era quase receber. Cismava que te recebera havia longos anos,mas era menino e sem condições de avaliar-te,ou vieras em código,e eu,sem possuir a chave,me quedava mirando-te e remirando-te como à estrela intocável.
Muitas vezes recebi durante esse prazo. Não se confundiam contigo. Traziam palavras boas ou más,indiferentes,quaisquer. E o receio de que entre elas rolasses perdida,fosses considerada insignificante? Desprezada,como impresso de propaganda?
As dádivas que devias trazer-me,quais seriam? Nunca imaginei ao certo o que de grande me reservavas. Quem sabe se a riqueza,de que eu tinha medo,mas revestida de doçura e imaginação,a resumir os prazeres do despojamento? Ou a glória espiritual,sem seus gêmeos,a jactância e o orgulho? Ou o amor-e esta só palavra me fazia curvar a cabeça,ao peso de sua magnificência. Eu não escolhia nem hesitava. O dom seria perfeito,sem proporção com o ente gratificado. E infinito,a envolver minha finitude.
Mas agora sei porque não vieste nem virás. Estavas entre inúmeras companheiras,jogadas em sacos espessos,por sua vez afundados num subterrâneo. E dizer que todos os dias passei por tuas proximidades,até mesmo em cima de ti,sem discernir tua pulsação. Servidores infiéis ou cansados foram acumulando debaixo do chão o monte de notícias,lamentos,beijos,ameaças,faturas,ordens,saudades,sobre o qual os caminhões passavam,passavam os governos e suas reformas. Escondida,esmagada no monte,sem sombra de movimento,lá te deixaste jazer,enquanto que eu conjecturava mil formas de extravio e omissão. Cheguei a desconfiar de ti,a crer que zombavas de minha urgência,distraindo-te por itinerários loucos. Suspeitei que te recusavas,quase desejei que fogo ou água te liquidassem,já que te esquivavas à tua missão.
E foi o que aconteceu,sem dúvida. A umidade e os ratos de esgoto te consumiram. Restam -se restarem-fragmentos que nada contam ou explicam,senão que uma carta maravilhosa,esperada desde a eternidade,por mim ou por outro qualquer homem igual a mim, foi escrita em alguma parte do mundo e não chegou a destino,porque o Correio a jogou fora,entre trezentas mil ou trezentos milhões de cartas.
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu Conheço Alguém Que Morreu de Tanto Amar!
Eu te amo...
Mas, melhor do que eu possa querer amar você, Deus te ama ainda de uma maneira muito melhor do que a minha, pois te ama + do que o amor que eu, pessoalmente possa crer ser o + perfeito!
Ele entregou Seu Filho a ti e a mim por amor, e para isso, se entregou, morrendo por todos os nossos pecados, grandes e pequenos.
Você não precisa de + nenhum acessório para querer a Ele, em sua vida:basta reconhecer que,como todo ser humano,necessita desse amor que Ele lhe ofertou,na cruz.
E, a partir desta simples atitude,você será como eu sou: amada com um amor + do que perfeito!
Um comentário:
legal
Postar um comentário